O ronco é o som produzido pela vibração dos tecidos moles das vias aéreas, geralmente durante a inspiração, podendo ocorrer por alterações anatômicas dessa região (desvios do septo nasal, aumento dos cornetos nasais, adenoides, amígdalas, base de língua), obesidade, inflamações (resfriados, gripes, rinites), aumento do relaxamento muscular por cansaço, uso de álcool e medicações e posição corporal durante a noite.
Roncos leves e episódicos geralmente não alteram a qualidade do sono, mas os casos severos podem estar associados às apneias (pausas respiratórias aumentadas durante) ou hiponeias (queda no fluxo de ar) que levam à diminuição da saturação de oxigênio e a despertares.
A Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono é caracterizada por pausas repetidas de mais de 10 segundos e mais que 5/h, que levam a fragmentação do sono com sintomas diurnas como cansaço, dor de cabeça, sonolência e consequências a longo prazo como aumento da pressão arterial, doenças cardíacas, acidentes vasculares cerebrais, diabetes e outros problemas de saúde.
Insônia
É o transtorno de sono mais prevalente, acometendo aproximadamente 40% da população geral segundo a OMS. Cerca de 30% destas pessoas apresenta sintomas esporádicos de insônia, e alguns indivíduos podem apresentar sintomas de curta duração (menos que 3 meses, enquanto outros sofrem da forma crônica (mais de 3x/semana por pelo menos 3 meses), com consequências diurnas da privação do sono, como sonolência, fadiga, alterações de humor, na perfomance do trabalho ou estudo e piora na qualidade de vida.
A insônia pode incluir:
-Dificuldade para iniciar o sono;
-Dificuldade para manter o sono após despertar durante a noite;
-Despertares precoces (acordar mais cedo do que o desejado).
Diversas condições podem levar ao aparecimento da insônia, como uma pobre higiene do sono, stress, abuso de substâncias como cafeína, bebidas alcoólicas ou cigarro, e ou outras condições médicas como ansiedade, depressão, problemas cardíacos, neurológicos e hormonais, dor crônica ou transtornos respiratórios, dentre eles a apneia obstrutiva do sono.
Um tratamento orientado à causa, com enfoque multidisciplinar, psicológico, comportamental e farmacológico é a abordagem mais adequada.
Hipersonia
Neste grupo estão incluídos transtornos que causam sonolência excessiva e incontrolável em situações inapropriadas e indesejadas, como no trabalho, no trânsito e em outras situações sociais.
A narcolepsia é o distúrbio mais conhecido deste grupo e é caracterizada por ataques incontroláveis de sono e/ou perda do tônus muscular em situações como andar, dirigir, comer, rir, e pode levar o indivíduo a problemas familiares e sociais e até a riscos, como em motoristas e operadores de máquinas.
A polissonografia pode ser utilizada para diagnosticar outras condições que podem estar levando à sonolência excessiva, como a apneia do sono, havendo ainda a possibilidade de se realizar o Teste de Múltiplas Latências do Sono (Teste do Cochilo) para se medir objetivamente a sonolência.
Bruxismo do Sono
Distúrbio caracterizado pelo ato de morder, ranger ou bater os dentes de forma repetitiva durante a noite, em alguns casos produzindo sons desagradáveis, levando a alteração na qualidade do sono do paciente, e até de familiares ou cônjuge.
Pode levar a problemas no aparelho mastigatório (dentes, gengivas e musculatura), dor e desconforto orofacial, dor de cabeça e distúrbios na articulação têmporo-mandibular. Sua causa ainda não está esclarecida e ter relação com alguns fatores de risco como perfil psicológico e tipo de personalidade, distúrbios respiraratórios do sono e uso de medicações.
O diagnóstico é clínico, embora a polissonografia possa ser utilizada com monitorização da atividade muscular mastigatória e registro dos eventos em áudio e vídeo dos durante o exame.
O tratamento envolve desde abordagens comportamentais e psicológicas, odontológicas (ajustes oclusivos, aparelhos ortodônticos, de avanço mandibular) e placas mio-relaxantes) e farmacológico nos casos severos.
Parassonias
São condições que envolvem episódios repetidos e indesejados de movimentos complexos ou vivência de emoções extremas, caracterizados pela intrusão de um estado semelhante à vigília (acordado) durante o sono, em alguns casos sem lembranças dos eventos, podendo ocorrer em qualquer estágio.
Incluem o Terror Noturno, despertar confusional, sonambulismo, pesadelos recorrentes, paralisia do sono, dentre (?) outros.
Destes, alguns são mais comuns em crianças e adolescentes, a maioria tem evolução benigna e podem levar à dificuldade para iniciar o sono, fadiga e sonolência diurna, podendo também trazer risco para o paciente ou familiares. Em caso de persistência das queixas um especialista do sono deve ser consultado.
Síndrome das Pernas Inquietas
São condições caracterizadas por movimentos incontroláveis, periódicos, repetitivos e semelhantes de grupos musculares (braços, pernas, pés, tronco, cabeça) que, pela sua magnitude, podem comprometer o sono, principalmente o início.
A Síndrome das Pernas Inquietas está classificada neste grupo, contudo, aparece preferencialmente ao entardecer ou início a noite, com sintomas típicos de urgência para movimentar os membros, sensações desagradáveis nas pernas, piora com a repouso e geralmente é aliviada por atividades como andar, alongar-se ou exercitar-se.
O diagnóstico é clínico, embora a polissonografia pode ser necessária para confirmação ou para distinguir de outros distúrbios.
Transtornos do Ritmo Circadiano
Ocorrem por mudanças no ritmo do sono, com o indivíduo dormindo e/ou acordando mais cedo (avanço de fase do sono) ou tarde (atraso de fase do sono) que o desejado ou exigido, de forma persistente, levando a insônia, sonolência, stress ou prejuízo social e clínico.
Estão também incluídos neste grupo os distúrbios de sono dos trabalhadores de turno e o Jet Lag, desajuste do sono ocasionado por viagens internacionais longas por múltiplos fusos horários.